2.10.11
O CHICO
O CHICO é um dos poucos da sua espécie
existente em Alcaria.
Desde que se lembra é aqui a sua casa e
a dos seus donos, nunca outra conheceu.
Contam os donos que em jovem era traquina
e brincalhão, mas que foi sempre afável
e mansinho.
Os anos foram passando e o Chico cumpriu
sempre as suas tarefas, acompanhando os
donos no amanho dos campos, levando e
trazendo as suas cargas ou transportando-os.
Já passaram mais de 30 anos, os donos
reformaram-se e o Chico também.
Ao contrário do que muitos fariam,
o Chico ficou com os donos.
Mantêm no seu "apartamento", tem comida,
cama e roupa lavada.
Continua a ouvir as vozes que sempre
conheceu, e há sempre tempo para lhe
dizer umas palavrinhas e fazer uma caricia.
Quando o quintal se enche de erva verde e
tenrinha o Chico vem para o quintal comê-la
e apanhar sol.
Por andar pouco necessita de vez enquanto
de aparar os cascos, mas também isso lhe é feito.
Todo branquinho, com as suas orelhas bem
levantadas, atento ao que eu fazia,o Chico
está feliz gozando a sua reforma na companhia
dos donos que tão generosamente lhe a deram.
(Donos assim precisam-se)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Nita
Linda, muito linda e comovente a tua dedicatória ao CHICO, amplamente merecida e abrangente a todos os "Chicos" e "Chicas" da sua geração e precedentes.
Realmente eles foram o braço-direito dos nossos pais e avós na sua intensa labuta diária que era, afinal, uma luta constante contra as agruras da serra, dos elementos, etc... uma luta de sobrevivência.
Naqueles tempos que bem recordo e que os mais novos, hoje, nem sequer imaginam como eram, existiam pobreza, carências e privações de toda a ordem e inimagináveis nos parâmetros de hoje.
O burro foi então, na nossa aldeia e sem qualquer dúvida, o maior aliado dos nossos antepassados.
Era ele que auxiliava na lavoura tudo carregando de e para locais recônditos, vales situados entre as serras, cujo acesso era, apenas, por trilhos de pedra sulcados na serra e que hoje já não existem por falta de uso.
Na ausência de transportes também era ele que servia esse fim para ir à Vila ao médico,às Repartições, etc... e sobretudo para as idas às feiras semanais e mensais da Região, que eram na Vila, em Alvados, em S.Mamede,etc..
Nessas feiras de então, se bem se recordam, transaccionava-se de tudo um pouco e o "inteligente" e obediente jerico tudo carregava de e para casa e, para cúmulo, até o dono que "mal comido e bem bebido" já nem o caminho de casa atinava.
Por tudo isto e muito mais....
VIVA O CHICO!
Pelas nossas aldeias muito se deve aos burricos ás vezes tão mal tratados pelos donos, a quem o nome de BURRO acentava bem melhor.
Há que cuidar bem do Chico porque cá por Alcaria estão a desaparecer , poucos por cá existem . Parabéns aos donos por o tratarem assim tão bem o Burrito.
Enviar um comentário